Primeira
Leitura: At 1,1-11 Jesus foi levado aos céus, à vista deles.

Durante uma refeição, deu-lhes esta ordem: “Não vos afasteis
de Jerusalém, mas esperai a realização da promessa do Pai, da qual vós me
ouvistes falar: ‘João batizou com água; vós, porém, sereis batizados com o
Espírito Santo, dentro de poucos dias’”. Então os que estavam reunidos perguntaram
a Jesus: “Senhor, é agora que vais restaurar o Reino em Israel?”
Jesus respondeu: “Não vos cabe saber os tempos e os momentos
que o Pai determinou com a sua própria autoridade. Mas recebereis o poder do
Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra”.
Depois de dizer isso, Jesus foi levado ao céu, à vista
deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo. Os
apóstolos continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apareceram
então dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Homens da Galiléia,
por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus, que vos foi
levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”. -
Palavra do Senhor.
Comentando a Liturgia (capuchinhosprsc.org.br): O
nosso texto começa com um prólogo (vers. 1-2) que relaciona os “Atos” com o 3º
Evangelho – quer na referência ao mesmo Teófilo a quem o evangelho era
dedicado, quer na alusão a Jesus, aos seus ensinamentos e à sua ação no mundo
(tema central do 3º Evangelho). Neste prólogo são, também, apresentados os
protagonistas do livro – o Espírito Santo e os apóstolos, ambos vinculados com
Jesus.
Depois da apresentação inicial,
vem o tema da despedida de Jesus (vers.
3-8). O autor começa por fazer referência aos “quarenta dias” que mediaram
entre a ressurreição e a ascensão, durante os quais Jesus falou aos discípulos
“a respeito do Reino de Deus” (o que parece estar em contradição com o
Evangelho, onde a ressurreição e a ascensão são apresentadas no próprio dia da
Páscoa – cfr. Lc 24). O número quarenta é, certamente, um número simbólico: é o
número que define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e
repetir as lições do mestre. Aqui define, portanto, o tempo simbólico de
iniciação ao ensinamento do Ressuscitado.
As palavras de despedida de
Jesus (vers. 4-8) sublinham dois aspectos: a vinda do Espírito e o testemunho
que os discípulos vão ser chamados a dar “até aos confins do mundo”. Temos aqui
resumida a experiência missionária da comunidade de Lucas: o Espírito irá
derramar-se sobre a comunidade crente e dará a força para testemunhar Jesus em
todo o mundo, desde Jerusalém a Roma. Na realidade, trata-se do programa que
Lucas vai apresentar ao longo do livro, posto na boca de Jesus ressuscitado. O
autor quer mostrar com a sua obra que o testemunho e a pregação da Igreja estão
entroncados no próprio Jesus e são impulsionados pelo Espírito.
O último tema é o da ascensão (vers. 9-11). Evidentemente,
esta passagem necessita de ser interpretada para que, através da roupagem dos
símbolos, a mensagem apareça com toda a claridade.
Temos, em primeiro lugar, a elevação de Jesus ao céu (vers. 9a).
Não estamos a falar de uma pessoa que, literalmente, descola da terra e começa
a elevar-se; estamos a falar de um sentido teológico (não é o “repórter”, mas
sim o “teólogo” a falar): a ascensão é uma forma de expressar simbolicamente
que a exaltação de Jesus é total e atinge dimensões supra-terrenas; é a forma
literária de descrever o culminar de uma vida vivida para Deus, que agora
reentra na glória da comunhão com o Pai.
Temos, depois, a nuvem (vers. 9b) que subtrai Jesus
aos olhos dos discípulos. Pairando a meio caminho entre o céu e a terra, a nuvem é, no Antigo Testamento, um
símbolo privilegiado para exprimir a presença do divino (cfr. Ex 13,21.22;
14,19.24; 24,15b-18; 40,34-38). Ao mesmo tempo, a nuvem, simultaneamente, esconde e manifesta: sugere o mistério
do Deus escondido e presente, cujo rosto o Povo não pode ver, mas cuja presença
adivinha nos acidentes da caminhada. Céu e terra, presença e ausência, sombra e
luz, divino e humano, são dimensões aqui sugeridas a propósito de Cristo
ressuscitado, elevado à glória do Pai, mas que continua a caminhar com os
discípulos.
Temos, ainda, os discípulos a olhar para o céu (vers.
10 a). Significa a expectativa dessa comunidade que espera ansiosamente a
segunda vinda de Cristo, a fim de levar ao seu termo o projeto de libertação do
homem e do mundo.
Temos, finalmente, os dois homens vestidos de branco (vers.
10b). O branco sugere o mundo de Deus – o que indica que o seu testemunho vem
de Deus. Eles convidam os discípulos a continuar no mundo, animados pelo
Espírito, a obra libertadora de Jesus; agora, é a comunidade dos discípulos que
tem de continuar, na história, a obra de Jesus, embora com a esperança posta na
segunda e definitiva vinda do Senhor.
O sentido fundamental da
ascensão não é que fiquemos a admirar a elevação de Jesus; mas é convidar-nos a
seguir o caminho de Jesus, olhando para o futuro e entregando-nos à realização
do seu projeto de salvação no meio do mundo.
Salmo:
46,2-3.6-7.8-9(R.6)
Por entre aclamações Deus se
elevou, O Senhor subiu ao toque da trombeta.
Povos todos do
universo, batei palmas, Gritai a Deus aclamações de alegria! Porque sublime é o
Senhor, o Deus Altíssimo, o soberano que domina toda a terra.
Por entre aclamações
Deus se elevou o Senhor subiu ao toque da trombeta. Salmodiai ao nosso Deus ao
som da harpa, salmodiai ao som da harpa ao nosso Rei!
Porque Deus é o
grande Rei de toda a terra, ao som da harpa acompanhai os seus louvores! Deus
reina sobre todas as nações. Está sentado no seu trono glorioso.
Segunda
Leitura: Ef 1,17-23 E o fez sentar-se à sua direita nos céus.
Irmãos: O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai, a quem
pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça
verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que
saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória
que está na vossa herança com os santos, e que imenso poder ele exerceu em
favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente.
Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos
mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, em acima de toda a autoridade,
poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear, não somente
neste mundo, mas ainda no mundo futuro. Sim, ele pôs tudo sob seus pés e fez
dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a
plenitude daquele que possui a plenitude universal. - Palavra do Senhor.
Comentando a Liturgia (capuchinhosprsc.org.br):
À ação de graças, Paulo une uma
fervorosa oração a Deus para que os destinatários da carta conheçam “a
esperança a que foram chamados” (vers. 18). A prova de que o Pai tem poder para
realizar essa “esperança” (isto é, conferir aos crentes a vida eterna como
herança) é o que ele fez com Jesus Cristo: ressuscitou-o e sentou-o à sua
direita (vers. 20), exaltou-o e deu-lhe soberania sobre todos os poderes
angélicos (Paulo está preocupado com a perigosa tendência de alguns cristãos em
dar uma importância exagerada aos anjos, colocando-os, até, acima de Cristo –
cfr. Col 1,6). Essa soberania estende-se, inclusive, à Igreja – o “corpo” do
qual Cristo é a “cabeça”.
O mais significativo deste texto
é, precisamente, este último desenvolvimento. A idéia de que a comunidade
cristã é um “corpo” – o “corpo de Cristo” – formado por muitos membros, já
havia aparecido nas grandes cartas, acentuando-se sobretudo a relação dos
vários membros do “corpo” entre si (cfr. 1 Cor 6,12-20;10,16-17;12,12-27; Rom
12,3-8); mas nas cartas do cativeiro, Paulo retoma a noção de “corpo de Cristo”
para refletir, sobretudo, sobre a relação que existe entre a comunidade e
Cristo. Neste texto, em concreto, há dois conceitos muito significativos para
definir o quadro da relação entre Cristo e a Igreja: o de “cabeça” e o de
“plenitude” (em grego, “pleroma”).
Dizer que Cristo é a “cabeça” da
Igreja significa, antes de mais, que os dois formam uma comunidade indissolúvel
e que há entre os dois uma comunhão total de vida e de destino; significa,
também, que Cristo é o centro à volta do qual o “corpo” se articula, a partir
do qual e em direção ao qual o “corpo” cresce, se orienta e constrói, a origem
e o fim desse “corpo”; significa, ainda, que a Igreja/“corpo” está submetida à
obediência a Cristo/“cabeça”: só de Cristo a Igreja depende e só a ele deve
obediência.
Dizer que a Igreja é a
“plenitude” (“pleroma”) de Cristo significa dizer que nela reside a
“plenitude”, a “totalidade” de Cristo. Ela é o receptáculo, a habitação onde
Cristo se torna presente no mundo; é através desse “corpo” onde reside, que
Cristo continua todos os dias a realizar o seu projeto de salvação em favor dos
homens. Presente nesse “corpo”, Cristo enche o mundo e atrai a si o universo
inteiro, até que o próprio Cristo “seja tudo em todos” (vers. 23).
Evangelho:
Mt 28,16-20 Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre
a terra
Naquele tempo, os
onze discípulos foram para a Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado.
Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram.
Então Jesus
aproximou-se e falou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra.
Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos
ordenei! Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. - Palavra
da Salvação.
Comentando o Evangelho (Antônio Carlos Santini / Com. Católica Nova Aliança): É o tipo de coisa que incomoda: alguém apelar para sua
autoridade. Em geral, desperta nas pessoas uma reação de rebeldia. No caso
deste Evangelho, é importante considerar dois pontos.
Primeiro, nós somos mesmo rebeldes.
Rebeldes por natureza, desde a queda original. Está no DNA dos descendentes de
Adão, aquele tipo que sonhava “ser como Deus” (cf. Gn 3,5) e ousou quebrar a
única proibição que o Criador lhe deixara. Por isso mesmo, a noção de
autoridade nos dá alergia e pipocas na pele. Dificilmente entenderemos aquela
jovem de Nazaré que preferiu ser a “escrava do Senhor”...
Segundo, “autoridade” deriva de
Autor. E todos sabem que não somos “autores” de nós mesmos: somos apenas
criaturas. Nosso Autor e Criador é Deus. Foi Ele quem nos chamou do nada para a
existência. Por isso mesmo, Ele tem direitos sobre nós.
Assim, quando Jesus – ressuscitado e
vencedor da morte! – afirma que sua própria autoridade é um “dom” do Pai,
também ele se coloca na posição filial: a posição de quem tudo recebe do Pai,
sem condições. E só depois de manifestar que recebeu do Pai este “poder
universal” é que Jesus também pode nos dar uma ordem igualmente universal:
“Ensinai a TODAS as nações... Ensinai-as a observar TUDO o que vos
prescrevi...” (Mt 28, 19-20.)
Como observa Urs von Balthasar, “a
missão tem por objetivo ensinar a TODOS os homens a seguirem TUDO o que Jesus
disse e fez”. Logo, qualquer tipo de escolha ou preferência na doutrina e na
vida fica prontamente proibida. Não temos de escolher nada, temos de obedecer.
O Evangelho não é um “self service” onde podemos sorrir para certos pratos e
fazer caretas para outros.
No Domingo da Ascensão, a “subida” de
Jesus que volta ao Pai confirma sua “autoridade” sobre os céus e a terra. Nós –
ainda atolados no barro deste mundo, devemos ter o bom senso de reconhecer
nossa estatura de criaturas, sem a pretensão de corrigir o Criador.
A mesma pretensão descabida se
manifesta quando pretendemos corrigir a Igreja de Jesus Cristo, que recebeu
dele a autoridade de Mãe e Mestra. Pretensos “iluminados” entendem que seus
carismas estão acima da hierarquia. Mais uma vez, o orgulho leva ao desastre...
LEIA NA ÍNTEGRA:
Liturgia
Diária Comentada 01/06/2014 Domingo ASCENSÃO DO SENHOR
Ascensão
do Senhor – Solenidade
CATÓLICOS COM JESUS: GRAÇA E PAZ
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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