Já de há alguns anos o mês de junho, com a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, tornou-se um mês marcadamente sacerdotal, desde que se propõe, à luz do imenso Mistério de Amor que é o Coração de Cristo, o Dia Mundial de Oração pela santificação dos sacerdotes – criação inspirada do Bem-aventurado Papa João Paulo II. Celebrando o Ano Sacerdotal, de São João Maria Vianney, o Cura de Ars, santo patrono dos sacerdotes, veio em relevo suas palavras: “O sacerdote é o amor do Coração de Jesus”.
E mais ainda com a celebração da Solenidade de Corpus Christi – Corpo de Cristo – e a adoração reverente do Senhor presente na Eucaristia, a pessoa e missão do ministro sacerdote cristão toma novamente evidência. Ele é feito pelo Senhor seu próprio sacramento para que o mesmo Jesus multiplique sua presença como Bom Pastor de seu Povo. E será o sacerdote que, agindo “in persona Christi capitis” – na pessoa de Cristo Cabeça (de seu Corpo Místico) – consagrará a Eucaristia, deixando agir Jesus mesmo em sua pessoa na celebração da Missa.
A celebração da religiosidade popular marca o mês de junho com as solenes festas de Santo Antonio de Pádua, São João Batista e São Pedro (e São Paulo). Estes mesmos campeões da fé mostram profunda relação com a vocação do sacerdócio ministerial na Igreja.
Santo Antonio de Lisboa e Pádua, seguidor de São Francisco de Assis, era sacerdote presbítero – “padre”, como carinhosa e reverentemente diz o nosso povo. E em sua vida testemunha a beleza e fecundidade da vida do sacerdote. Ele viveu para todos, viveu para os pobres, anunciou e testemunho Jesus. Em breve tempo tornou-se conhecido pela santidade de vida que a muitos até hoje atrai para Deus.
São João Batista não foi sacerdote do Novo Testamento, mas o Precursor – “para preparar os caminhos do Senhor”. Não é esta a fundamental missão do padre? Preparar os caminhos do Senhor, levando Deus às pessoas e as pessoas a Deus. Ele mesmo desaparece para que apenas fiquem o Senhor e aqueles que a Ele leva. São palavras ainda lembradas de João Batista, definindo sua própria vida com relação a Jesus “É necessário que Ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3, 30) Assim será o sacerdote: nada de si, tudo de Cristo.
São Pedro (e São Paulo), apóstolo, chamado por Jesus para o Evangelho. Da herança dos apóstolos participa o sacerdote feito pela imposição das mãos para fazer às vezes de Cristo. Nos apóstolos o sacerdote do Novo Testamento tem sua origem e encontra a identidade de sua vocação. E eles foram os amigos do Senhor, por Ele escolhidos, consagrados e enviados –“Como o Pai me enviou eu vos envio.” (Jo 20,21) E pelo Senhor, e pelo rebanho darão a vida. Mártires, testemunhas, semente que se desfaz para frutificar a vida eterna. Feitos modelo do rebanho, na afirmação de Pedro (cf. 1 Pdr 5,3).
Assim somos chamados à Oração para a santificação dos sacerdotes, especialmente junto ao Coração de Jesus. Estimulando os pastores e os fiéis para este Dia Mundial de Oração, a Congregação para o Clero, órgão do Papa para o clero de todo o mundo, envia carta aos Sacerdotes. Vale à pena lê-la na íntegra. Os sacerdotes de nossa Arquidiocese já a receberam também para dele fazer participantes os fiéis. Apenas um parágrafo da mesma:
“Hoje, são, sobretudo os sacerdotes que, em sua adoração quotidiana e em seu quotidiano ministério, devem reconduzir tudo à Comunhão Trinitária: somente a partir desta e imergindo-se nessa os fiéis podem descobrir realmente a Face do Filho de Deus e a sua contemporaneidade, e podem verdadeiramente atingir o coração de cada homem e a pátria à qual todos são chamados. E, apenas assim, nós sacerdotes podemos oferecer novamente aos homens de hoje a dignidade de ser pessoa, o sentido das relações humanas e da vida social, e o objetivo de toda a criação.”
Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques - Arcebispo de Fortaleza
Fonte: Arquidiocese de Fortaleza
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