XIX Domingo do Tempo Comum - Pe. Cesar Augusto
A Carta aos Hebreus, segunda leitura deste domingo,
apresenta dois modelos de vigilantes: Abraão e Sara. Apesar de uma vida dura e
difícil, eles optaram por crer e confiar em Deus.
As promessas divinas eram muito generosas: multidão de
filhos, habitar na terra prometida, mas nada se concretizou desse modo. Só
tiveram um filho – Isaac – e moraram sempre em territórios estrangeiros. Abraão
e Sara viveram apenas um pequenino sinal do que havia sido prometido, mas
jamais duvidaram da palavra do Senhor.
Também nós, em meio aos nossos afazeres e sorte de todo
tipo, boas sortes e más, continuamos crendo em Deus, em seu amor por nós,
contra tudo que possa nos dizer o contrário, mas confiamos n'Ele e n'Ele está
nossa esperança. Lembro-me de um vídeo com Dom Helder Câmara onde ele conta que
estando um vez fazendo visita pastoral a uma capela muito pobre o povo cantava:
“O Senhor é meu Pastor, nada me falta!” e ele olhava ao redor e estava faltando
tudo!
A fé sustenta nossa perseverança e esta dá expressão à fé.
No Livro da Sabedoria, vemos Deus se colocar ao lado dos
oprimidos e nossos antepassados creram nessa opção de Deus. Por isso, todos
participaram dos mesmos bens e dos mesmos perigos. Foram solidários uns com os
outros, ajudando-se reciprocamente! Não se deixaram levar pelas atitudes
opressoras e situações aparentemente sem saída, mas creram no poder de Deus!
Por fim, o Evangelho fala-nos em não temer e vigiar.
Certamente Jesus está nos preparando para as vicissitudes desta vida.
Ao mesmo tempo, Lucas nos propõe um salto qualitativo ao
desviar nossos olhares e preocupações para com o nosso próprio umbigo e nos
colocar como centro de nossas atenções, algo que nos ultrapassa e permanecerá
eternamente: o Reino de Deus!
Lucas dá ao verbo vigiar uma atitude escatológica: vigiar
para que o Reino de Deus aconteça, vigiar porque poderá ser a qualquer momento
de nossa existência.
Como vimos nas duas leituras anteriores, vigiar é estar
preparado para tudo que possa acontecer, confiando unicamente em Deus e só
contando com Ele, como sustento nos momentos bons e nos momentos difíceis.
Mas vigiar é fazer de tudo para que o Reino de Deus seja
instaurado através de nossos atos fraternos e solidários.
Devemos tomar decisões, atitudes frente o anúncio do
Evangelho. Não deixar para depois, para a última hora. Estar vigilante é não
perder ocasião de fazer o bem, de praticar a justiça. Como escreveu o Profeta
Miquéias: “Vou mostrar-te, ó homem, o que é bom e o que é que o Senhor pede de
ti: que apenas pratique a justiça que ames o amor e a bondade e que diante de
Deus sejas humilde.” E o Salmo 36 (37) acrescenta: “Confia no Senhor e faze o
bem e sobre a terra habitarás em segurança.”
Neste domingo, em que também comemoramos o Dia dos Pais,
peçamos a Deus que presenteie nossos papais com uma fé inquebrantável. Que
mesmo na carência e na austeridade suprema, a fé na Providência seja permanente
e maior que as limitações que o nosso sistema econômico impõe. Que a
solidariedade, a fraternidade jamais permita as lágrimas de um pai que vê seu
filho pedir comida e nada ter para saciar a fome; em ver seu filho doente e
nada poder fazer para que um médico e um medicamento diminuam o sofrimento.
Ao rezarmos o Pai-Nosso, tenhamos consciência de que temos
feito o que podemos pelos nossos irmãos! Vigiai! ”Porque onde está o vosso
tesouro, aí estará também o vosso coração!” “A quem muito foi dado, muito será
pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”
Texto: Pe. Cesar Augusto, SJ
Fonte: pt.radiovaticana.va/news/2013/08/10/reflex%C3%A3o_para_o_xix_domingo_do_tempo_comum_/bra-718597
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