A estatura da personalidade nos remonta ao ser pequeno ou
agir como criança na sinceridade, na vida simples, na sabedoria sem ostentação
e na humildade ou reconhecimento da verdade de si e dos outros.
Jesus se tornou pequenino ao baixar-se de sua divindade à
nossa pequenez humana, tornando-se sem nada do que é material e sujeitando-se à
leis humanas. Ele afirma sua verdade de Deus, que faz confundir os sábios e dar
sua graça aos humildes: “Escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as
revelaste aos pequeninos” (Mateus 11, 25).
Os sem cultura intelectual, sem condição de bem estar, sem
serem tratados em sua dignidade de pessoas humanas e privados de toda sorte de
vida digna, são chamados a exercer liderança no rol do convívio humano. Jesus
veio colocar-se a seu lado, por opção de valorizar os que são considerados sem
valor econômico e social. Ele quer mostrar que a pessoa humana vale por sua
dignidade de imagem e semelhança de Deus e não por ter prestígio, fama, coisas
materiais e intelectuais. O ser humano, privado de tudo o que é valorizado pela
sociedade de consumo, mostra o porquê de Deus, que se revela amante do humano
pelo humano, ou seja, o valor do ser filho e não do ter muitas coisas.
A opção evangélica preferencial pelos empobrecidos nos
coloca na perspectiva do Filho de Deus, fazendo sua escolha pela vida e
dignidade dos seres humanos e não pelo que possuem do que é circunstancial e
passageiro. É claro que o ter o necessário para uma vida digna é apreciado e
essencial para a realização humana. Mas tudo é instrumento para se perceber e
valorizar a pessoa em si como criatura que merece todo respeito. O lugar dos
pequeninos é o ressaltar de seu valor em si como humano, a ser respeitado,
promovido e amado. Se todos compreendessem isso teríamos mais solidariedade,
promoção dos empobrecidos, políticas e políticos com grandeza de caráter suficiente
para olharem, em primeiro lugar, para os pequeninos!
Jesus promete estar ao lado de quem sabe carregar o peso de
ter que enfrentar todo tipo de problema, a começar por defender a causa dos
pequenos, como Ele fez: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque
sou manso e humilde de coração” (Mateus 11, 29). Não é fácil enfrentar uma
correnteza a favor do capital e do ter sempre mais e a oposição ao ser
solidário com a causa dos pequenos! Ele se tornou o “saco de pancada” dos
injustos, dos líderes que não queriam deixar seus privilégios e mudar de vida!
Ele defendeu a verdade, a justiça misericordiosa e o bem da pessoa humana!
O profeta Zacarias lembra a vinda do Rei pobre para ajudar a
implantar o Reino da justiça de Deus, que quer dar dignidade a todos os que são
marginalizados em seu valor perante Deus: “Ele é justo, ele salva; é humilde e
vem montado num jumento... eliminará os carros de Efraim... anunciará a paz às
nações” (Zacarias 9,9-10).
Com a vinda do Filho de Deus os pequenos têm vez. A justiça
é restabelecida. A humanidade tem conserto. Os deixados de lado são incluídos
na vida digna. A vida humana se torna verdadeiramente humana, porque é
valorizada a pessoa acima de suas posses materiais.
Dom José
Alberto Moura
Arcebispo de Montes
Claros (MG)
Fonte: CNBB
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