Liturgia Diária Comentada 15/06/2014
11ª Semana do Tempo Comum - 3ª Semana do Saltério
DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Prefácio próprio - Ofício do dia – Glória e Creio
Cor: Branco - Ano Litúrgico “A” - São Mateus
Antífona:
Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o
Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco.
Oração do Dia: Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a palavra da verdade e o
Espírito santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que,
professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a
unidade onipotente. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
LEITURAS:
Naqueles dias, Moisés levantou-se, quando ainda era noite, e
subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe havia mandado, levando consigo as duas
tábuas de pedra. O Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés, e este
invocou o nome do Senhor.
Enquanto o Senhor passava diante dele, Moisés gritou:
"Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade
e fiel". Imediatamente, Moisés curvou-se até o chão e, prostrado por
terra, disse: "Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha
conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos
pecados e acolhe-nos como propriedade tua". - Palavra do Senhor.
Comentando a Liturgia: Os capítulos 32-34 do Êxodo recolhem
tradições javistas e eloístas. O capítulo 34, ao qual pertence o texto de hoje,
apresenta a renovação da aliança segundo a tradição javista, pois o episódio do
bezerro de ouro (cap. 32) a rompera. Com essa breve referência, podemos captar
a dramaticidade da situação: o povo tinha sido libertado do Egito, mas o
caminho da libertação sofria séria ameaça de fracassar no deserto. Deus se
arrependera de ter libertado o povo e este se encontrava desorientado.
A figura
de Moisés como líder do povo é fundamental para a situação dramática. Sob ordem
de Javé, ele prepara duas novas tábuas de pedra e, de manhã cedo, sobe ao monte
Sinai, como Javé lhe ordenara (34,4b). Javé, por sua vez, desce na nuvem e fica
junto de Moisés (v. 5a). Nesse gesto de subida (Moisés) e descida (Javé) temos
o encontro. O texto nos mostra, assim, um Deus que deseja relacionar-se, estar
em contato com o povo, mediante Moisés, o líder. Javé é o Deus do encontro, da
relação, do contato, da proximidade.
Moisés
invoca o nome de Javé (v. 5b). Note-se que Javé era, para os hebreus, o inominável.
Não se podia pronunciar seu Nome. Moisés não leva em conta isso e invoca o nome
de Javé (para os semitas, o nome é a identidade da pessoa). Moisés é ousado. Da
ousadia de Moisés e do desejo de encontro com Javé nasce a revelação de Deus.
Ele se dá a conhecer quando o ser humano ousa e arrisca. Javé se dá a conhecer
passando diante de Moisés e exclamando: “Javé, Javé, Deus compassivo e bondoso,
paciente, rico em amor e fidelidade” (v. 6). Não é Moisés quem faz essa
proclamação, mas o próprio Deus que se revela ao povo com suas características
fundamentais: continua sendo o Deus libertador (cf. Ex 3,14), decidido a
conduzir até o fim o processo de libertação. Apesar da infidelidade do povo,
ele perdoa, sabe esperar (compassivo, bondoso, paciente). Mantém-se como aliado
apaixonado e fiel ao pacto de libertação (amor e fidelidade são as duas
principais características divinas na aliança realizada com o povo).
Moisés
adora Javé (v. 8) e suplica: “Javé, se gozo do teu favor, caminha no meio de
nós, porque esse é um povo de cabeça dura. Perdoa-nos as culpas e pecados e
recebe-nos como propriedade tua” (v. 9). A súplica de Moisés contém quatro
pedidos que revelam quem é Deus: 1. É aquele que caminha no meio do povo. Seu
prazer é estar com seu povo, que ele libertou do Egito e deseja conduzir à
liberdade e posse da vida plena. 2. Ele aceita caminhar não porque o povo seja
ótimo ou porque mereça que Deus lhe seja próximo. O povo continua sendo cabeça
dura. Caminhar com esse povo cabeçudo só ressalta a solidariedade de Deus, e
não os méritos do povo. 3. É aquele que perdoa os pecados e sabe reorientar no
caminho certo o processo que conduz à libertação e à vida. 4. É o Deus que,
apesar de ser o criador e dono de tudo, aceita receber em herança um povo
pobre, fraco e pecador. Ele se despoja de suas prerrogativas de Senhor do
universo para ter como única propriedade esse povo peregrino, caminhando com
ele e à frente dele rumo à libertação e à posse da vida plena.
Salmo:
Dn 3,
52.53.54-55.56 (R.52b) A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, Senhor Deus de nossos
pais.
Sede bendito, nome santo e glorioso.
No templo santo onde refulge a vossa
glória.
E em vosso trono de poder vitorioso.
Sede bendito, que sondais as profundezas
e superior aos querubins vos assentais.
Sede bendito no celeste firmamento.
Segunda
Leitura: 2Cor 13,11-13 A graça de Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do
Espírito Santo.
Irmãos, alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento,
encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz
estará convosco. Saudai-vos uns aos outros com o beijo santo. Todos os santos
vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do
Espírito Santo estejam com todos vós. - Palavra do Senhor.
Comentando a Liturgia: O texto é a conclusão de 2Cor, carta que, na
forma atual, contém diversas cartas de Paulo escritas em ocasiões diferentes e
com motivações diferentes. Lendo-a, pode-se perceber o estado de ânimo do
agente de pastoral, suas convicções e lutas. Por outro lado, a carta revela
também as peripécias da comunidade cristã, os avanços e recuos, as alegrias e
sofrimentos, a necessidade constante de discernimento para continuar firme no
projeto de Deus.
Não sabemos a qual dessas cartas pertence o texto de hoje. Mas isso não é
importante. Importante é captar a mensagem que Paulo comunica à sua comunidade.
O texto contém duas referências litúrgicas: o beijo fraterno (v. 12) e a
saudação trinitária (v. 13).
A referência ao beijo fraterno faz parte das recomendações (vv. 11-12), ao
passo que a saudação trinitária é o augúrio final do apóstolo (v. 13).
As
recomendações revelam o rosto da comunidade cristã e suas características:
alegria, busca da perfeição, encorajamento mútuo, união, paz, beijo fraterno.
Todas essas características são como ferramentas para que a comunidade possa
ser o lugar da presença e manifestação de Deus. A alegria é fruto dos tempos
messiânicos. Provém da convicção de ser comunidade do Senhor amada por Deus.
Esse clima de alegria é capaz de contagiar e transformar. A busca da perfeição
denota que ser comunidade é constante caminhar. Para Paulo, os cristãos vivem
entre o já e o ainda não. O já é o fato de ser depositário do projeto de Deus,
de ser salvo em Jesus Cristo; o ainda não é a consciência de não ter feito tudo
o que Deus deseja.
O encorajamento mútuo ajuda a superar as dificuldades. Na visão de Paulo, todos
somos parte de um corpo social, em vista do bem comum. Esse bem comum é buscado
na união e superação dos conflitos internos e externos à comunidade. A paz não
depende da eliminação dos conflitos ou da sua ausência, mas da sua superação
mediante a solidariedade. Essa solidariedade leva à plena comunhão com Cristo na
eucaristia, em que os cristãos se saúdam com o beijo fraterno. Esse beijo
fraterno é chamado por Paulo de “beijo santo” (tem sabor de santidade), isto é,
manifesta a solidariedade de todos no objetivo comum, a santidade. Para Paulo,
os cristãos são santos porque a eles foi confiado o projeto de Deus. E esse
projeto é comum a todas as comunidades (cf. v. 12b).
Paulo encerra a carta exprimindo o desejo de que a Trindade seja a inspiração
da comunidade cristã na busca da comunhão entre os membros (“com todos vocês”).
A formulação trinitária se inicia mencionando “a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo”. É o dom da vida que Jesus trouxe à comunidade. Esta existe por obra de
Jesus, que morreu e ressuscitou (é Senhor!) e agora se manifesta nos cristãos.
Esse amor tem origem no “amor de Deus”, que tomou a iniciativa, enviando Jesus
ao mundo. E continua na comunidade cristã mediante “a comunhão do Espírito
Santo” que cimenta e organiza os cristãos, dando-lhes força para agir
solidariamente entre si, em perfeita harmonia que reflita a harmonia da
Trindade.
Evangelho:
Jo 3,16-18 Deus enviou seu Filho ao mundo, para que o mundo seja salvo
por ele.
Deus amor tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para
que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não
enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja
salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está
condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. - Palavra da Salvação.
Comentando o Evangelho: Os três versículos do Evangelho de João
proclamados na liturgia de hoje pertencem ao diálogo de Jesus com Nicodemos
(cap. 3). É a catequese de Jesus que visa suscitar a fé nele. Os versículos de
hoje estão unidos ao tema antecedente, ou seja, o amor de Deus manifestado na
morte de Jesus. Sua morte insere o ser humano no mistério de Deus: ele dá a
vida porque ama; a morte de Jesus é a consequência desse amor.
Quem é Deus? A I leitura no-lo mostrou caminhando com seu povo, perdoando seus
pecados, assumindo-o como sua propriedade e herança. O evangelho de hoje vai
além, porque nos faz ver não só o Deus que caminha com seu povo e lhe perdoa os
pecados. Mostra-nos Deus superando e vencendo até aqueles limites próprios da
condição humana, como a morte.
Deus ama a
todos, indistintamente. Não só um povo particular. Ele ama o mundo. Neste caso,
o mundo significa a humanidade toda, capaz de aceitar ou rejeitar o amor de
Deus. Ora, o amor de Deus é oferta gratuita que atinge o ser humano em
profundidade, antecipando-se à sua capacidade de amar. Ele nos ama não porque
sejamos bons, mas porque ele é bom, quer salvar, quer comunicar vida em
plenitude (v. 16).
A vida em plenitude se realizou na encarnação e morte de Jesus. O v. 16 mostra
Deus desprendendo-se do Filho único, a ponto de entregá-lo em vista da salvação
de quem nele crê. Jesus é a personificação do amor do Pai levado às últimas consequências:
a entrega do Filho único. A salvação de Jesus não discrimina as pessoas: todos
necessitam dela e todos têm acesso a ela, mediante a fé em Jesus, a fonte da
vida: “Porque Deus enviou seu Filho ao mundo não para julgar o mundo, mas para
que o mundo seja salvo por ele” (v. 17).
Aquilo que encontramos de forma incipiente na I leitura adquire aqui seu pleno
significado e realização: Deus não deseja que as pessoas se percam nem sente
satisfação em condenar alguém. O prazer de Deus é salvar a todos, é desarmar a
todos com a lógica do amor. Portanto, o sofrimento, a injustiça, o pecado, a
opressão, tudo o que gera dor e morte é contrário ao projeto de Deus. Esse
projeto visa erradicar essas forças de morte para criar canais que comuniquem
vida em plenitude. É isso que Jesus veio revelar com sua vida e palavra. É isso
que deseja criar com a força de sua morte e ressurreição, presentes e atuantes
na comunidade cristã.
A vida de Jesus provoca as pessoas à decisão. Estar com ele é estar a favor da
vida. Não estar com ele é patrocinar a morte. Para João, Jesus não julga. Ele
simplesmente provoca o julgamento de Deus. As pessoas é que se julgam, ao se
confrontarem com a prática de Jesus e tomarem partido a favor ou contra. Quem
se posiciona a favor não é julgado; quem se decide contra já está julgado,
porque não acreditou no Nome do Filho único de Deus (cf. v. 18). O nome revela
o que a pessoa é e faz. No Antigo Testamento (Ex 3,14), Javé se mostrou o Deus
libertador que caminha com o povo rumo à libertação e à vida. No Novo
Testamento ele se mostrou libertador em Jesus (cujo nome significa Javé salva).
Acreditar nesse nome é ser a favor da vida em todas as suas manifestações; é, consequentemente,
ser contra tudo o que não promove a vida.
INTENÇÕES PARA O MÊS DE JUNHO:
Intenção Universal: Apoio
aos desempregados - Para que os desempregados consigam o apoio e o trabalho
de que necessitam para viver com dignidade.
Intenção para a Evangelização: Raízes cristãs da Europa - Para que a Europa reencontre as suas
raízes cristãs através do testemunho de fé dos crentes.
TEMPO LITÚRGICO:
Tempo Comum: O Tempo Comum começa no dia seguinte à
Celebração da Festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes
da Quaresma. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e
termina antes das Primeiras Vésperas do 1º Domingo do Advento NALC 44.
Cor Litúrgica: VERDE - Simboliza a esperança que todo
cristão deve professar. Usada nas missas do Tempo Comum.
Fonte: CNBB / Missal Cotidiano
Comentários:
Vida Pastoral nº 260, Paulus, 2008
Santíssima Trindade – Solenidade
CATÓLICOS COM JESUS: GRAÇA E PAZ
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