XV Domingo do Tempo Comum - A caridade
A caridade é o tema central da liturgia deste domingo.
Somos todos irmãos e ninguém discute isso. Nossa
fraternidade começa desde nossa criação pelas mãos de Deus. Todos nós seres
humanos fomos feitos por Deus à sua imagem e semelhança, temos origem no mesmo
Autor, no mesmo Pai.
Acontece que Deus também criou os animais e toda a natureza,
por isso São Francisco de Assis chamava a tudo isso de irmão – irmão sol, irmã
chuva, irmão lobo – e até situações difíceis como pobreza, morte. O Pobrezinho
de Assis tinha a dimensão cosmológica e se sentia mais um em meio a toda a
natureza. Com o lobo de Gúbio ele chegou a conversar e mudar seu instinto
predador.
Tudo isso para dizer que os sentimentos de fraternidade e de
solidariedade fazem parte da natureza daqueles que habitam este mundo e aqueles
que os não têm são tidos como antinaturais e limitados.
Ora, um doutor da Lei, um sábio em Israel, preocupado com
isso e querendo se aperfeiçoar no cumprimento da Torah, pergunta a Jesus quem é
seu próximo.
O Senhor usa sua criatividade e conta uma história onde fica
claro o que a caridade nos solicita e como essa resposta é dada.
Um homem descia de Jerusalém para Jericó, é assaltado,
agredido fisicamente e, apesar de um sacerdote e um religioso passarem próximos
a ele e se condoerem com o quadro, nada fizeram por causa da urgência de seus
compromissos. Finalmente passa um homem sem religião professa, mas
profundamente humano. Ele se apieda do pobre coitado largado à margem da
estrada, o socorre e o leva a um albergue. Depois pede para o dono da
hospedaria dar tudo que for necessário para fazer o agredido voltar à sua
dignidade, prometendo pagar quando retornasse de seus compromissos.
O Senhor conclui a cena com a seguinte pergunta: “Qual dos
três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”
E claro a resposta foi a óbvia: “Aquele que usou de
misericórdia para com ele”.
O samaritano ao socorrer o ferido, o fragilizado, amou seu
próximo, mostrou que dentro de si trazia a marca divina, apesar de não fazer
parte do povo conhecedor da Lei e várias vezes visitado pelos Profetas. O
samaritano foi humano, deixou a assinatura de Deus falar mais forte que tudo, o
que não aconteceu com os conhecedores de todos os ensinamentos, que colocaram
seus compromissos à frente da Lei Maior que é a prática da Caridade.
Também nós, muitas vezes, agimos assim. Colocamos as normas,
as orientações e os Mandamentos Menores à frente do Mandamento Maior que é Amar
a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo!”
Quanta gente não abre sua casa para receber alguém que
gostaria de visitá-lo, só porque sua vida fere alguma norma eclesial!
Quanta gente faz questão de embelezar o templo e deixa na
sarjeta o ser humano, aquele que é o Templo de Deus!
Que dizer dos menores abandonados, das mulheres que
engravidaram fora do casamento, de pecadores públicos? Onde estão os seguidores
do Amor do Senhor? Onde estão aqueles que não saem da Igreja, que pregam a fé,
a esperança, mas não praticam a Caridade? E São Paulo fala que das três
virtudes a maior é a Caridade!
Coloquemos em prática o mandamento que o Senhor nos deu no
final do Evangelho de hoje: “Vai e faze a mesma coisa”. Tudo é importante, mas
o mais importante, o imprescindível é a Caridade!
Texto: Pe. César Augusto dos Santos SJ
Fonte: Rádio Vaticano
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